Meus dezoito outonos, e uma confissão.

Junto daquela velha saudade, veio a manhã clareando a solidão. Com raios de sol em meus olhos, levanto-me do leito. Na cozinha, e em tantos outros cantos da casa, as lembranças esfumaçam-se pelos ares, misturando-se ao aroma de café ao fogo.
Depois de dias, em que escondia-me na umidez dessas paredes amarelas de meu quarto, abri a janela, soprou uma tênue brisa de outono que, pairando tão leve a flor dos lábios, recordei-me, em um frenesi absurdo de saudade de tudo que até então pude viver... tanta coisa empoeirada nas gavetas do meu ser, no entanto, mesmo depois dos anos que foram esquecidos, não deixara de continuar, de fato, lembranças; ah, as velhas canções.
A brisa queda-se aqui, despertando a memória dos dias bonitos que, desde então são apenas inspirações de uma passado que, talvez (nem) deva ser lembrado.
Recordações juvenis, pores-do-sol, orvalhos na grama, horizontes: coisas que duram pouco, contudo, fantasiaram nossos sonhos enquanto sobrevivíamos as tempestades... Morremos breve, e nos fins de tarde, vejo-me tão viva, tão perto, tão... Útopica.

E eu não sonho - Não mais.

Estou com saúde, estou viva. Tenhos ainda (um pouco) forças, talvez isso que realmente importe.

Sixpence None The Richer - Don't Dreams It's Over

Sempre amei essa música. Sempre me trouxera paz, calma, um pouco de lágrimas e também saudades. Estou a escutá-la desde que acordei. Talvez a letra dela sempre me diga alguma coisa.

''Há uma liberdade contida, há uma liberdade fora...
Tente pegar o dilúvio com um copo de papel
Lá está uma batalha adiante, muitas batalhas são perdidas
Mas você nunca verá o fim da estrada
Enquanto estiver viajando comigo.''

Sixpence None The Richer - Don't Dreams It's Over