Prosa de ventos e velas

A primavera não está tardia minha menina, descansa um pouco na palma de minhas mãos, mexo teus cabelos como se houvessem laços de cetim por entre meus dedos, feche os olhos, sinta um pouco de carinho afagando tua face. Deita tua cabeçinha em meu colo, deixe que eu beije teus lábios com a quentura doce dos favos de mel que guardei nos meus e fale, fale qualquer coisa que faça tua voz ficar entrando assim pelos meus tímpanos. Soa como a sinfonia do êxtase, do amor, do prazer, da alegria. Permita que eu tão abelha, penetre todos os teus poros na intensidade de uma mulher, com o jeito de menina. Há folhas secas ainda voantes pelo céu, ventos que sopram rumo ao coração velejante...deixo estes segredos serem revelados, junto rimas e escrevo folhas amarelas molhadinhas do perfume da flor-de-laranjeira, mas não as envio.

Eliza, tua formosura enfeita as canções que escrevo e teu sorriso me é como o primeiro clarão da manhã que faz enxergar a beleza do dia, no despontar do horizonte. Deixa, deixa assim como se não houvesse amanhã e o hoje fosse os derradeiros instantes em que eu pudesse te sussurrar as últimas cantigas de amigo. O coração tão calmo, está cheio de bondade, a generosidade fica e entra os poros adentro querendo-lhe a pele sentir. Acostumei a sonhar, a viver, a sorrir para tudo, só que os teus olhos fazem meu sorriso ser maior.

Toco-te com os dedos pálidos e finos, sinto o arrepio nas tuas pálpebras decaídas, e naufrague em meu corpo.

Encontre(i) o cais.

É só uma prosa que surgiu da canção que eu escutava, foi só inspiração e nada mais.