Proseando



As estrelas de inverno relumbram no céu noturno como fogo, um fogo sem barulho, que do alto desce até o seu coração, queimando e revivendo dentro de si lembranças amortecidas.
Moça, agora que estás sozinha, podes escutar o silêncio? Podes ver os dias correndo nos ponteiros dos relógios sem haja algum indulto?
O tempo passou, tudo passou, menos a lembrança de Bernard. Apenas ele continua com os olhos grandes, castanhos e fundos refletidos em qualquer lugar que olhes, sempre fitando-a, com gestos de manias que conhecem
Talvez seja hora de seguir Eliza, talvez seja hora de tirar as adagas, de partir, mesmo se o vento que sopre, sussurre ao teu ouvido para ir atrás dele, do teu grande amor, não, não vá Eliza, não abandone o equilíbrio que possuis, não mecha na frieza que demorou tanto a construir, não destrua sua única forma de defesa, de proteção. Espere, mais alguns dias, ou meses quem sabe. Talvez dê efeito, se não, continue caminhando, o mundo não há de se acabar, por uma prosa que não vingou.
Eu sei, eu sei querida Eliza, não é fácil sentir o coração já anestesiado, pulsando tão silente de saudade dentro do peito, aliás, alguém alguma vez disse que seria? Então, escreva... escreva versos, eternize suas palavras, pinte a boca, desenhe poemas, tatue sonetos, mas não, não acorde mais nas madrugadas por um sonho a te desmanchar em lágrimas como se a lembrança já não tivesse de idade os anos, não passe mais os dias nublados olhando as fotografias, isso não contribui, isso não ameniza em nada. Ao contrário, faz vir a tona o vulcão que carregas dentro de si.
Quem sou eu para lhe dizer algo, quem sou para medir teu sentimento tão grande que chamas de amor, quem sou? Se duvidar, tu mesma.




“Você me olhou como uma criança que é pega fazendo arte e eu te amei loucamente. (…) Eu tinha motivos reais, palpáveis e óbvios para te amar. Seu abraço é quente, seu sorriso tem mil quilômetros iluminados, seu humor me faria rir cem encarnações e você é bom em tudo, mesmo não querendo ser bom em nada. (…) Amava seus erros assim como amava os acertos, porque o que eu amava, enfim, era você."
Tati Bernardi 

Comentários

  1. Evelyn,
    Teu dom com as palavras é incrível!
    Consegue nos encantar e embalar-nos com cada uma.
    A noite para mim sempre chega com inúmeras lembranças,eu ainda não consegui organizar o turbilhão de sensações que ela me traz,um dia consigo!
    Lindo dia pra ti,Querida!
    Beijos.

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  2. Evelyn e ai como vai?
    Adorei o post.
    Sabe,desistir de quem se ama é ,desculpe a expressão,foda.
    Parece que seu mundo vai acabar :(

    Beijos e tudo de bom

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  3. Muito lindo.
    Vi seu post hoje, sigo faz tempo,
    e sempre tem inspiração.
    Realmnete seu dom é incrivel.
    Obrigada pelo post (:

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  4. As vezes é preciso ter esses embates entre a mente e a alma que quer sair por aí toda saltitante sem pensar nas consequências.Acho um sinal de amadurecimento, mas é doloroso... e seu belo texto deixa isso claro.

    Não sei se gosta, mas tem mimo para vc lá em meu blog de selos.

    Beijo

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  5. Quanto ao seu comentário no meu blog:
    Quem dera!!!!!!!!!!!!!!!
    eu nasci em Minas mas moro é no nordeste Evelyn.
    Apenas gosto de morar nas montanhas, mais por enquanto estou por aqui....kkk
    Depois que casei moro aqui, mas não tenho parentes nenhum no nordeste, só meu marido e filha que nasceu aqui.
    Boa noite!
    Carla

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  6. Eu sabia que devia ler teu blog por último, pois como sempre, seria o mais tocante.
    Sabe quantos textos, de todos os blogs que leio, já me fizeram chorar? Não passa de tres, e com certeza foram seus, este texto querida, me arrncou lágrimas que já estavam pressas a dias, porque eu sinto saudade de alguém que nunca foi completamente meu, mas que era, pela metade, meu, sinto falta de algupem que está bem longe de mim, sinto saudade e uma saudade que fere, que dói, que faz sangrar o peito de dor.
    "Talvez seja hora de seguir moça, talvez seja hora de tirar as adagas, de partir, mesmo se o vento que sopre, sussurre ao teu ouvido para ir atrás dele, do teu grande amor, não, não vai moça, não abandone o equilíbrio que possuis, não mecha na frieza que demorou tanto a construir, não destrua sua única forma de defesa, de proteção. Espere, mais alguns dias, ou meses quem sabe."
    Ontem antes de dormir eu estava pensando, talvez amanhã eu ligue pra ele, diga que estou com saudades e vejo se ele está sozinho, talvez ele me convide para ir até a casa dele e aí eu vou, vou matar a saudade de tudo, vou matar a saudade dele, mas meu eu, aquele e interior, me proibiu, porque sempre sou eu quem vai atrás e agora eu estou me recuperando, estou esquecendo, apagndo tudo que ele me lembra, mas se esta ficando tudo tão bom me pergunto por que chorei te lendo? Por que senti uma puta vontade de correr pro telefone só pra ouvi-lo dier alô e brincar de se ele descobre quem é só pela vez, ele sempre descobre, ou descobria, tanto faz. Sósei que li este texto inumeras vezes e não parei de chorar em nenhuma delas, nenhum texto nunca mexeu tanto comigo quanto este, não sei como terminar este comentario, mas sei que vou ler isto mais uma vez, fique bem querida que tentarei ficar também.

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  7. desculpe-me pelos erros, meu teclado não facilita.

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  8. "(...) o mundo não há de se acabar, por uma prosa que não vingou."



    ahhhh, Evelyn Colaço. sempre trazendo à tona sentimentos socados dentro de mim, todos escondidos dos olhos alheios, secos de tanto que eu os chorei em noites frias ou manhãs de ressaca... céus. eu amo esse lugar. amo. você sempre está desvendando aquilo que eu evito mas que preciso desesperadamente que desvendem.
    <3

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