Palavras das minhas nostalgias, saudades e emoções.


Deitada sobre a relva das campinas, minhas costas molhavam-se no orvalho da noite que se passou, não tanto quanto os meus olhos fitados no céu cintilante cor-de-rosa de mais um fim de tarde, ensaiando desenhos dos traços de Bernard. nas nuvens multicoloridas. Nada se assemelha a tamanha beleza, há uma delicadeza que se contrasta, forte e áspera que não se pode colocar nos papéis, se descrita; contudo, quando o amei, também admirei seus defeitos, de alguma forma os fizera meus como meus livros e rendas velhas me apetecem a mim; assim, tão meus, alheios, que os entendia até na mudez dos diálogos subentendidos.
Minhas mãos tão fracas lançam-se nos ares como numa dança infantil; soa uma canção que conhecíamos, mas, só na minha mente, porque dessas lembranças, acredito que sequer devas ocupar-te a mente em lembrar. Os dedos pegam-se nos outros, e... Onde estão os teus pequenos a se enrolar nos meus? E... Apenas silêncio paira sobre atmosfera outonal, minha voz não se ouviu, pois enredo nenhum clamei, antes minha alma se encarrega de falar, gritar, as coisas que escondo. Barulho de cavalgadas, algum peão cumpre seu encontro às árvores e vai cantar na beira do riacho, ouço e continuo quieta, uma morbidez que me adormece, vou ouvir o som daquele mesmo violão chorar as notas, enfeitadas da queda das águas... “Oh riacho, me inunda como Bernard. não podes. Oh me leve nas incertezas de teu regaço calmo!”. Sorrisos ecoam por entre arbustos, o vento sibila tão leve que pareço senti-lo, Bernard., sobre mim, então eu sinto... Oh Deus sinto a saudade, dor de um silencio que nada pode preencher. Silêncio! Há curiós rasgando mágoas, fecho os olhos e entrego meu coração a nostalgia, calmamente sinto Bernard. por perto, e ah só aqueles braços me aquentariam, só aquele amor proporcionaria a mim alguma paz no espírito. O lirismo me liberta só não me traz aqueles olhos, aqueles olhos azuis refletido no âmbar dos meus. Se eu pudesse, e a frieza que obtive não me habitasse os pulmões, exalada em cada respiração, em cada palavra que tento negar tua existência em meus pensamentos contínuos... procuraria ouvir aquele timbre ressoando aos meus ouvidos, pegaria o gancho e discaria o que me faria melodiar tuas frases aos meus tímpanos, ou irias, irias até encontra-lo outra vez e somente, somente te abraçar e proteger das noites que lhe pudessem ser frias roubando-lhe os sonhos, eu desejei ser o abrigo nas tempestades, o colo para onde correrias e os lábios que embebedariam-lhe, contudo, vejo-me apenas qualquer coisa na vida, que não se tornara isso, o abrigo e o colo, e os lábios.
Sim, Bernard. é constante, tão constante que datas e costumes são lembrados com precisão como se fossem passados de anteontem. As palavras negam o que os escritos costumeiramente me condenam, eu nunca esqueci, e talvez nunca possa esquecê-lo.
Depois que sol morre no poente, resta-me os devaneios de uma noite inacabada, sigo para o leito, onde as madrugadas febris me rasgam o coração.








Evelyn Colaço

Comentários

  1. Seus textos sempre me levam a sentir saudade, a tirar da gaveta os sentimentos escondidos, explorá-los mesmo, sabe?
    Gosto do que você passa, dessa nostalgia que nada mais é do que amor, um amor que o tempo não apaga e a distância em nada influencia, se não em aumentá-lo.

    Lindo texto, um beijo :*

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  2. Filhotinha...diz para essa mamy:
    Como pode a primavera ter folhas de outono????
    SEMPRE estarei por perto,mesmo que não me vejas!
    Beijos para ti,minha piolhinha mais querida!
    O que????
    Era para dizer que gosto do que tu escreves????
    Para,né...deixa de ser convencida!!!!!!

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  3. Os teus olhos, brilhantes e nus,
    silenciam o desejo nos teus lábios!


    Beijos...
    AL

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  4. "Depois que sol morre no poente, resta-me os devaneios de uma noite inacabada"
    Que Peeeerfeito,Evelyn!
    Tú escreves liiindamente :)
    Um beijo,Flor

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  5. Evelyn!!! Que profundo! Sabe... Tuas palavras são tão sinceras! Sempre que venho aqui encontro algo diferente, mas de uma característica fundamental: Lembranças! Incrível como fico em meio à tantos pensamentos nostálgicos ao ler-te! Aliás, adoro quando descreves os lugares... Parecem ser tão lindos, tão reais, tão cheios de vida :D E os detalhes são, realmente, minuciosos! Adoro, adoro!

    Boa quinta-feira!

    Beijos.

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  6. nossa, tua escrita me fez lembra de varias coisas me trouxe algumas lembranças de coisas boas... eu adoro essa musica tambem, ja escutou ela com paula fernandes, fica ainda mais bela.. bjus adorei tudo aqui.

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  7. oi. tudo blz? muito lindo e interessante aqui. gostei. apareça por lá. beijos e abraços.

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  8. Caraca Evelyn, tu é uma nata escritora! Saudades de textos assim ... me fez viajar nas minhas mais nostálgicas lembranças.

    Beijo.

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  9. muito obrigado, seguirei também.
    O blog está óptimo *

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  10. Eu lembrei de um passado que já não faz muito sentido ficar martelando tanto em minha mente. Fazendo sentido ou não, senti saudades. E dói demais.
    Lindo texto, lindas palavras.
    Como consegue escrever tão bem? hahah.
    Beijos.

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  11. Há amores que são mesmo difíceis de esquecer, mas rendem belíssimos textos, iguais a esse.Maravilhoso Evelyn! Dá para ver sua alma em cada palavra.

    Beijos, querida e ótimo fim de semana.

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