Nada normal



Que o expresso não queime mais minha língua, mas queime os resquícios das lembranças de Bernard em mim. Completamente amortecida,  isso não anula o fato de que esteja doendo, e tanto! Caminho sem razão alguma, delirando na minha calma  pelas vielas dessa cidade cinza. A solidão amarga, desliza sobre minha alma e as madrugadas em que não consigo dormir sufocam-me sem que eu possa me defender. O travesseiro e os lençóis do meu leito estão manchados de lágrimas, borrões e rasgos. Eu quis morrer, sim, eu também quis um dia; contudo, não quero mais. Eu sou bem mais forte que isso, eu sei, e não deve ficar mais insuportável, não há possibilidades – eu acho.
A saudade não só me come, como me deixa aos restos pelo chão. A saudade me devora, me rói ao ponto de a nostalgia se confundir com a turva realidade, ao ponto de que se Bernard pedisse, eu estaria na próxima ponte aérea para abraçá-lo, só isso - abra-çar, sen-tir; É apenas o meu desejo.
Por quê? Céus por quê? Inferno! Que grande ironia se tornou a vida, um jogo espantoso e medíocre do qual eu estou inserida. Por quê? Vamos. Será que podes me responder?
A única, Ú-NI-CA coisa que eu queria, era somente ver outra vez o céu calmo de Brasília no outono, refletido sobre teus olhos, e mesmo se não pudesse, para admirar teus traços, aceitaria o outro céu das baixadas, contanto que houvessem árvores para observar o entardecer.
Fim de tarde, fim; É a palavra na qual nos resumimos.


“Porque, Porque meu Deus, ele se fez tão demasiadamente presente quando o que mais sabia é que iria embora?''

Verônica Hiller.

ps1: fiz o texto baseado em um comentário feito ao texto de uma querida leitora e maavilhosa escritora que acompanho. A Veronica Hiller.  Hoje, resolvi arrumar e tornar um texto, na verdade uma confissão. 


 




Comentários

  1. 'A saudade não só me come, como me deixa aos restos pelo chão. '
    Ahh Evelyn,saudade é algo complicado,nunca sabemos até que ponto ela se torna boa,e o quanto pode ser crucial...
    Lindo Post viu? lindo,profundo e triste!
    Beijo

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  2. li ouvindo bigger than us, White Lies, e céus, que coisa absurda, insana de linda. foi o grito do mais fundo do peito, que talvez antes era abafado pelo teu lirismo tão doce, tão cheio de amor que o Bernard te causava. foi um desabafo, violento, sincero, HU-MA-NO. me arrepiou, de verdade. e me fez sentir orgulho, veja bem; orgulho pelo meu trecho tão humilde ali e talvez até te inspirando confissão tão desesperada e linda que eu jamais conseguiria escrever. por mais encantadores e meigos que fossem teus outros textos, foi bom te sentir rebelde, decidida. foi ótimo. - e eu nem preciso comentar sobre o quanto eu me identifiquei com tudo isso.


    se antes eu te admirava, não se compara com o que eu sinto por ti agora, Evelyn Colaço. criaste um laço inextinguível junto do lado esquerdo por aqui. ♥

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  3. Hum..nem sei o que dizer.
    Saudades é uma coisa tão sei la,ruim por um lado mas lembrar de quem a gente gosta é legal sabe?!

    Beijos e tudo de bom

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  4. quando li este post lembrei -me do Neruda:

    Tira-me o pão, se quiseres,
    tira-me o ar, mas não
    me tires o teu riso.

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  5. UAU, texto repleto de sentimentos. E sinceros..como sempre, adorei.

    E obrigada pela visita Evelyn, fico muito feliz em vê-la lá.
    Grande beijo.

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  6. Aquela frase do Chico Xavier que fala de Fins e recomeços daria exatamente certo para esse post cheio de emoções intensas. Adorei.

    Abraço

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  7. que triste de ler, mas com um ar de recomeço e sabe garota, isso é bom!
    "Fim de tarde, fim; É a palavra na qual nos resumimos"

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  8. me sinto acolhida em suas palavars sempre que passo por aqui
    ;)

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  9. Um texto intenso... com certeza a saudade devora.

    Gostei muito da idéia das palavras par-ti-das... faz um sentido enorme num texto onde existe um coração dilacerado pela dor.Parabéns!

    Beijos, querida e ótimo fds.

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  10. Evy, não pude chegar ao fim sem soltar lágrimas e suspiros. Ao mesmo tempo em que admirava o amor épico que nutrias por Bernard, fico feliz que tenha, em parte, se libertado desse amor que consumia suas jovens energias. Bernard, ao passo que parece um gentleman, o sinto como um covarde que não teve forças para voltar e arrebatar sua donzela que o espera desde que partiu. Você merece ser liberta disso tudo, e eu torço por você. Para que um dia você relate um amor que não te faça sofrer.

    Sabe, obrigado por ter se preocupado comigo. Tomei a liberdade de adicioná-la, mas não quero incomodá-la com as coisas bobas da vida.

    Grande abraço, e feliz recomeço,

    Ana Pontes

    http://anapontes-pensamentosavulsos.blogspot.com/

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  11. A saudade vem me destruindo a um bom tempo, me lembrando de tudo que perdi, de tudo que eu era e não serei mais, de tudo que um dia esteve ao meu lado e hoje está tão distante.
    Estou seguindo seu blog. Muito lindo.
    Parabéns.
    Beijos.

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  12. Fim. Que venham novos sonhos, amores...Paixões...

    Beijos confessos.

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  13. O fim é doloroso, principalmente quando este vem sem ser solicitado.Mas é preciso findar.Viver um fim é como estar próximo de uma nova etapa que pode ter esta outro fim ou não.Sempre esperamos que não, mas mal sabemos e nem desconfiamos dos planos da vida pra gente.

    Adorei o blog!

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  14. De verdade, às vezes as coisas se tornam tão difíceis, que é necessário coragem para desistir de enfrentar as pequenas e complexas possibilidades pra gente conseguir realizar algo com sucesso. Evelyn, querida, não fique mal pelo que esteja acontecendo com você! Todo fim dói, contudo é necessário reverter a história e encontrar a felicidade novamente. Tenha foco nos seus objetivos! Quando as coisas não dão certo, a gente deixa de trilhar o caminho que trilhávamos antes e voltamos pro início, começamos tudo de novo e temos a chance de consertar os erros cometidos, podemos escolher outros caminhos, ter o cuidado para não pisar em falso, para não se apaixonar muito rápido e se entregar por completo pra pessoa errada. Enfim, são novas oportunidades... Vamos aproveitar?

    Beijos, querida!

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  15. Olha... Eu senti verdade nas suas palavras. Principalmente nas últimas... Nesse final em itálico, "Porque, Porque meu Deus, ele se fez tão demasiadamente presente quando o que mais sabia é que iria embora?", eu senti dor real... Não apenas dita, mas sentida com cada célula do seu corpo.
    Posso ter imaginado demais, talvez sejam apenas palavras, como tanto se faz, mas seja como for, ficou lindo, absurdamente lindo.

    Parabéns.
    E, ah, essa música é linda.

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