Aurora de Outono

O sol encontra-se com o poente, manso como o alaranjado do dia. Pássaros recolhem-se para seus ninhos abrigando-se da escuridão. Neste silêncio mórbido e noturno meu coração vulnerável e desabrigado bate, pulsa, sentindo dores escarnadas em cada peito, latejando como feridas abertas, como chagas inflamadas. Em meio a essa solidão desponta o outono, amarelecendo os olhos e as esperanças dos nossos sonhos que parecem perdidos, mas a aura de renovação no ar grita que ainda haverá um bonito amanhecer, e mesmo assim despojo-me das expectativas e também asperezas do passado que pesam muito e são tão grandes que apenas Deus os pode controlar.
Apesar dos feitos e encantos das lembranças do outono que passamos juntos, há também o terror que me assombra o espírito ao pensar que posso não tornar a vê-lo e se isso acontecer todas as flores dentro de mim perderão a pouca vida que lhes resta, e a vasta relva dentro de mim começará a murchar. As ausências me entristecem, e só tua presença traria beleza para os dias que virão cercados de folhas e pinheiros que balançam como seus cabelos cor de fogo, fogo que queima meu peito da mais louca saudade dos teus braços, fogo que alumia o verde das campinas de teus olhos, fundos e misteriosos olhos que são certeiros como flechas direcionadas a um alvo - o alvo do meu coração -. De repente soa uma melodia, rebusco no baú das memórias tua intacta imagem, percorro ao redor com aquela voz em meus tímpanos, voz que ritma a minha existência. A distância insiste em dizer que é o som da solidão me perturbando com flashs de nossas vivências que enchem os vales e horizontes de minh'alma, mas não, esta é a tua voz consoladora que aquece o frio dentro de mim com a precisão com que o sol derrete a neve dos prados. Me vejo feita de breves folhagens, teu amor me faz resplandecer contra a escuridão. Os barrancos esburacados de meu coração aplainam-se como as colinas ao norte dos campos, ao redor refai-se aos poucos a harmonia da vida, tamanha paz e fé trazem-me o clarão do teu amor que chameja nossos corações numa aurora gloriosa de outono.
 

Forever - Stratovarius




A música...

''Eu ainda estou lá, em todos lugares
Eu sou o pó no vento, eu sou a estrela no céu do norte...''

Stratovarius - Forever