Das declarações de amor I

Divagações aleatórias

Amar-lhe-ei mais do que as águas da noite 

amam a lua que as resplandecem.

Amar-lhe-ei como o jovem pássaro 

ama o alçar prematuro do primeiro voo

que o enche de luz e liberdade.

Pois, depois de Deus somente eu

danço com sua alma de menina,

vejo-a através de seus olhos,

toco-a com minhas mãos,

e fundo-me a ela no êxtase de amor.

Sou eu que valso com sua alma 

aos sons murmurantes das galáxias, 

cujos cintilares tecem remendos 

dos sonhos de amor e fantasia.

Sou o pintor que pintara seu caminho

cruzado com o meu.

Serei o vento que levará as suas orações de amante

ao cume das mais altas montanhas para que

Deus as ouça e me leve para o acalentar terno de seus beijos.

...

Quando sorri, teus olhos cálidos
parecem-me a visão adocicada dos anjos divinos.
Por isso amar-lhe-ei

como as borboletas amam intensamente
a vida que só as tem por dez dias.
Amar-lhe-ei como o poeta ama seus versos de um amor fugaz.
Amar-lhe-ei como amo estas palavras

que caem no pasto do amor como orvalho
Amar-lhe-ei em todos os gestos
a murmurar na noite imensa minha saudade
antes mesmo de partir.
Apenas eu lhe tenho no compasso
dos passos de uma dança vísivel.
Apenas eu lhe beijo sobre um céu infinito

pintado de fogo.
Serei o ombro que abrigará
teus cabelos embranquiçados e tua cabeça cansada
quando o tempo for uma mera lembrança do passado.
Serei a brisa que em um beijo morno
tocará tua face em todas as manhãs, e sempre.
Serei o teu adormecer calmo
quando em meus braços quentes eu lhe envolver.
Serei teu refúgio em todos os dias.
E quando não houver mais nada
serei teu presente, teu futuro.
Serei a voz do vento ao tocar-lhe o ouvido

num sussurro.
Serei o crepúsculo que faz teus olhos brilharem e
braqueja as árvores em um movimento bonito
E se isso não for amor, então, o que é?

''Uma alegria interna, quase como uma primavera'' 

Caio F.