Das feridas de saudade



Minha solidão é de mim mesma, investigo-me em busca de mim e só vejo o que não posso ver, nada mais considerável que isso. Estou farta de procuras sem encontros, partidas e nunca regressos, e bem, este verão não me traz calor, aqui é frio, chove todo dia na rua, há tempestades envoltas em mim, e aos poucos me perco e aceito a frieza da solidão, a única que vem me ver, dorme e acorda comigo, tem sido assim todos os dias. Sabe, não percebi as andorinhas este ano, aqui elas não pousarão mais, fugiram em silêncio com suas asas calmas, voaram em busca de terras quentes, tão distantes daqui. E só me restou essa ausência vazia, intensa por todos os espaços da casa, me lançando numa eterna vivência do passado, e embora saiba que só se vive adiante, eu me deixo ali, quieta, em algum canto na nostalgia da minha memória.
Ah se eu pudesse, acrescentaria mais luz as estrelas esta noite, pediria que cintilassem nos olhos de Bernard, como duas safiras lazúlis, e sopraria um pedido á lua: Traga-o para mim, apenas como um punho de poeira errante na brisa, apenas como oléo em minhas mãos, deslizando por meu corpo, inundando-me.
Mas, minha solidão é de mim mesma, porém acredito: no fim da estrada, há uma luz dourada, que irá nos abraçar, em algum lugar perdido nas nossas mentes.



Te protejo com minha alma, Bernard.

De tua amada, Eliza.



Comentários

  1. "Ah se eu pudesse, acrescentaria mais luz as estrelas esta noite, pediria que cintilassem nos olhos de Bernard, como duas safiras lazúlis, e sopraria um pedido á lua"

    Se teu pedido é que tenhas teu "Bernard" novamente, meu pedido é que todas estas feridas em teu coração, causadas por essa tal saudade, curem-se, pois não há dor maior do que aquele espaço vazio que existe dentro de nosso coração e alma, que alguém um dia ocupou alegre e apaixonadamente, e que agora encontra-se tão distante, mas ao mesmo tempo tão presente... pois ainda podes encontrá-lo dentro de teu peito inundado de lembranças, e espero que no meio disso tudo, ainda resida em ti uma chama acesa de esperança.

    Se gosto de Sum 41? Sou suuuper fã! With Me é uma música que ouço sempre que não tenho mais forças, ela me inspira de tal maneira que nenhuma outra consegue.

    Muitos beijos, Dreams.

    ResponderExcluir
  2. Muito lindo todo o texto, uma leitura agradável e que emociona, parabéns.Beijos.

    ResponderExcluir
  3. "Ah se eu pudesse, acrescentaria mais luz as estrelas esta noite..."

    mesmo com esses toques de tristeza e solidão, ficou um texto lindo :3

    ResponderExcluir
  4. Olá e ai tudo bem?
    Belo texto mesmo sendo meio triste.
    Adorei *-*
    Beijos e um otimo fim de semana
    .........................
    RIMAS DO PRETO

    ResponderExcluir
  5. Evelyn, mais uma vez lágrimas surgiram dos meus olhos, lágrimas que eu não queria. É bom sentir seu desabafo, faz-me sentir como que um pouco mais acalentada ter alguém em igual situação à minha. Queria poder "acrescentar mais luz as estrelas" esta e todas as noites de nossas vidas. Queria poder trazer seu "Bernard" de volta para você. Assim como quero muitas coisas. Às vezes vejo como é injusto Eliza ser tão apaixonada por Bernard e nunca poder tê-lo, e quando paro para pensar nisso vejo que todas as coisas deste universo são injustas demais. E se é assim, minha nostalgia também é injusta. Pergunto-me sempre se Eliza deveria reagir, esquecer Bernard, procurar um novo amor, tentar ser feliz. Mas, à medida que amadureço (se assim posso chamar), vejo que as coisas não são tão simples assim e o amor sempre vai estar lá, não é uma coisa que pode ser quebrada por vontade, é atormentador e confuso. E ele nos leva à esperança de ter quem amamos em nossos braços. Admiro Eliza, o que ela sente é lindo, e é amor. Mas, não tenho pena dela, mesmo que um dia Bernard não volte (e eu espero que ele volte) ela irá aprender infinitamente com a expreriência que teve e creio que não se arrependerá por tê-lo amado.
    Este texto, em especial, "caiu como uma luva", pois remexeu na ferida que há muito eu tentava costurar: as saudades de alguém que amo mais do que a mim. E sentir-me sem ele é como sentir-me sem mim mesma, porque qualquer coisa está incompleta, porque eu nem existo e assim, não há vontade, nem ânimo, nem forças, nem fôlego para viver. É como se outras pessoas não existissem, ou não fossem o suficiente. Eu queria que o vento, em suas virações, trouxesse-o para mim, ou que eu pudesse mover o tempo e espaço em nosso favor. Mas nada posso fazer para alivar minha dor, e acho que não posso aliviar a sua também. Lamento por nós. O que posso é deixar um grande abraço com você e, mais uma vez, minha torcida pela felicidade de "Eliza".

    ResponderExcluir
  6. Mais Luz as estrelas, por favor!!!

    abraços!!

    ResponderExcluir
  7. O amanhã se projeta nessas palavras, porque há o desejo de que seja diferente de alguma forma. Talvez nas entrelinhas. As andorinhas não voltarão como se o fim pudesse ser definido a partir de então. E como falta algo, a percepção também já não é mais a mesma. Humanos somos todos, mas as vezes precisamos ser mais para ir além de nós mesmo. bacio

    ResponderExcluir
  8. Ah, essa tempestade interior eu conheço, sou cheia de vendavais e furacões, o pior é que sempre temi essas coisas, apesar de amar a chuva.

    Lindo, adorei, você escreve muito bem.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Deixa-me suas folhas ...