Nos campos daqui, nunca mais pousou ..



Ando pelas montanhas, catando os gravetos do chão e desenhando na terra, sempre dois rostos, embaçados, esquecidos pelo tempo, crendo apenas que o amor é um milagre, que ainda morto, viverá. Quando nas beiras de cá murmúrio algum se faz ouvir além do arrastar das folhas pelo vento triste, vem-me a cabeça um sussuro sem som que neste silêncio de si desperta calmamente as lembranças que se arrefecem de meu corpo como uma segunda alma, inteiramente dentro de mim.
Não saiam mais as palavras da minha boca apenas para clamar: ''Me ame antes que a última pétala caia, antes que já não haja flores no jardim, e assim não haja fôlego em meus pulmões frágeis e eu morra em devaneis de nostalgia''.  Que minhas forças sejam d'aqui' em diante resguardadas para não perdê-las gritando ao horizonte palavras tolas sobre o desejo do retorno de Bernard que traria de volta minha vida, e que desde então nunca se fez realidade.
E agora, neste instante a solidão é tão silenciosa quanto os gritos desesperados de meu coração, mal se pode respirar, mal se pode distiguir o acordar do morrer, além do mas, tudo é feito de uma matéria cinza e sem poesia, desde que Bernard, nos campos daqui nunca mais pousou.

De mim inteiramente, Evelyn.


Thunderbolt - Patrick Park

O som das gaitas, são como um calmante natural da minha vida, me transmitem a paz que ao abrir os olhos não se pode mais ser encontrada. A música? bem, ela é linda.


(Estou em falta com muitos de vocês, não tenho tido tempo algum para entrar e postar... Prometo que vou responder dignamente todos os comentários carinhosos, Obrigada a todos vocês pela atenção e pelos elogios!)

Comentários

  1. Muito lindo seu texto, tudo de bom pra você,beijos.

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  2. "Não saiam mais as palavras da minha boca apenas para clamar: 'Me ame antes que a última pétala caia, antes que já não haja flores no jardim, e assim não haja fôlego em meus pulmões frágeis e eu morra em devaneis de nostalgia'."


    serio.
    parece que veio de mim, parece que o clamor saiu daqui do meu peito e foi proferido através da minha boca.
    o postumismo com que escreves, num ambiente elegantemente antigo, faz doer aqui dentro, de tanto que compreendes minha alma, evelyn.
    me compreendes, compreendo-te; quando te leio, parece uma conversa, onde cada uma expõe suas dores, escancara seus medo, chora seus sofrimentos.

    desculpe me apropriar tanto de tuas palavras, mas chega a ser inevitável o fazer, de tanto que eu sei e sinto o significado de cada uma delas.

    indubitavelmente perfeito.

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  3. A ausência e a saudade, andam quase sempre de mãos dadas, atormentando nossas vidas. Um belo texto, onde a dor e a tristeza traçam um cenário nostálgico que nos prende e contamina.

    Beijos

    Runa

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  4. Mais que maravilha amiga! As veses essa solidão nos invade e brotam as lágrimas em nossos olhos...
    Espere o tempo correr e muitas pétalas ainda caíram pelos seus caminhos.
    Como é bom ter você na minha vida !
    Te adoro muitíssiiiiimo .

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  5. É bom pensar que é apenas uma fase, mas solidão é bom apenas quando desejamos.
    Gostei de como escreve e estou te seguindo; beijos...

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  6. Ah, sempre a espera de Eliza, sempre sua tristeza pela partida de Bernard e a esperança que ele retorne. É tão poético essa história toda, os ambientes, os sentimentos da dama, a nostalgia, essa aura de saudades e memórias. Gosto deste universo que você criou, gosto de tudo aqui e, cada vez mais, me sinto dentro dele. Sinto não conhecer os pensamentos de Bernard, o por quê de ele nunca voltar, se ele ama mesmo Eliza, com a força que ela o ama. Mas, talvez sem o mistério as coisas não parecessem tão sofridas e apaixonantes assim.
    Sim, sei como és ocupada, mas não guardo mágoa de não me responderes e ler meus escritos. Eu me viciei nisto aqui, e acho que não consigo deixar de te ler. Deixo com você um abraço sincero,
    Ana Pontes

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  7. PS.: a música é bem calmante mesmo, gostei da gaita.

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  8. Tuas palavras sempre tocando fundo em minha alma, estava com saudades de lê-las. Tanto tempo sem entrar aqui...
    Sem dúvidas, um lindo, mas triste, texto.
    Ah, música linda também, adorei.
    Beijos

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  9. Que coisa mais linda!
    Não tem como não amar vendo teus textos, embora alguns descrevam sobre dores. Mas, mesmo assim ainda retrata o amor de vários ângulos.

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