Sem açúcar e sorrisos.


Fria manhã de primavera, mal o brilho das flores se podia ser visto dentre a névoa, amanhecia. Outra vez o cinza era a única cor repartindo os céus, anulando esperanças e enchendo o peito de nostalgia. As nuvens densas tão escuras cobriam-no, ofuscando o sol, e o calor. O coro dos passáros não habitava os jardins, nem as praças, tudo era composto da matéria de um silêncio caliginoso, e o maior barulho do lado de dentro da janela embaçada que se escondia Eliza, se faz pelo palpitar de seu coração, magoado demais para latejar com força.
Tão lento assim passavam-se as horas turvas que na cegueira da dor não as via fugir, e nem gostaria, seria o castigo amargo por tendo amado, amar Bernard que partiu como ventos partem para sul no fim do verão, só que Bernard não retornaria com os mesmos ventos que o levaram.
Ainda na retina, no fundo, guarda o dourado do sol prateando as ondas reflectidas no olhar amável de Bernard, como uma esperança de que o amor não se perderia dentre os anos. E agora jogando as pedrinhas e faz votos de olhos cerrados pedindo: ''Verei Bernard, ainda ao longe quando abrir os olhos verei Bernard regressando''. Foram só pedrinhas, foram votos, promessas e pedidos que a ondas levaram para longe sem retorno algum. Foi seu porto seguro, agora seu cais solitário, como as águas perdidas no mar.
O coração estourando, sentindo-se como uma árvore seca. Soprando o fosco de seus troncos castanhos-claro feito os olhos mórbidos de Eliza, como uma balsa que faz balançarem lágrimas, como a correntezas que ficam para traz, radiantes salpicando-se nos ares, estourando-se em gotas, como o seu coração.
Então uma chuva-tempestade salta das nuvens para os horizontes molhar, molhando o mirar, e o vento que entra ao abrir a janela sopra os seus cabelos e balançam, balançam como os sentimentos oscilando entre o amor e o ódio.
Então Eliza, não sabe mais como respirar sente-se morrendo aos poucos.

Comentários

  1. O que posso dizer? É tão provável que Eliza morra a esperar seu Bernard, quanto ele volte para ela. O que importa é que ela continua sempre a esperar, e isso a mantém viva, seu coração batendo. Talvez sem isso, a vida de Eliza fosse só a desilusão e a espera da chegada da morte, ou talvez ela seja uma mulher forte o suficiente para superar a partida do seu amado. Não sei, são apenas pensamentos. Enfim, toda sorte para Eliza, que ela seja feliz com ou sem Bernard. E sucesso à você, em tudo o que fizer. =)

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  2. assim como gostastes de alma fria tambem amei o seu texto
    muito belo e triste....
    que bom que aceitaste meu pedido de amizade
    obrigado
    beijos

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  3. "Então Eliza, não sabe mais como respirar sente-se morrendo aos poucos."

    A pior das mortes, é aquela que a causa seria a solidão, o vazio dentro de nós, que nos deixa um buraco no peito.
    Aquele espaço vazio em nossas vidas, que sentimos nunca poder ser preenchido por ninguém, há não ser pelo mesmo que o deixou. Eliza sente-se cada vez mais fraca, caindo aos poucos, perdendo os sentidos, perdendo sua vida para à nostalgia e a saudade, e aquele pequeno buraco que insiste em não fechar e nem mesmo cicatrizar.

    Evy, se queres escrever um conto tão emocionante como o meu, quero e muito poder escrever tão maravilhosamente como você! Sei que meu tipo de escrita é diferente, mas acho tão encantador o modo com usa as palavras! É incrível.

    Beijos de tua querida aluna, Dreams.

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  4. "Então Eliza, não sabe mais como respirar sente-se morrendo aos poucos. "

    e ninguém saberá o quanto isso significa pra mim, o quanto isso me revela, enfim. é inexplicável a forma com que eu consigo me ver em cada uma de tuas palavras, eu sei que eu sempre encontrarei compreensão aqui no teu blog. e encontrando compreensão, eu também de compreendo, afinal; dói, mas te entendo, como nunca entendi na vida. adorei, de verdade, evelyn.


    beijo :*

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  5. Não acho que ela irá morrer a morte humana, acho apenas que uma parte dela morrerá fazendo com que a outra renasça das suas próprias trevas. ai ai ai
    Bacio

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  6. Que saudade desse teu "nosso" espaço.
    Eu não canso de dizer o quanto és maravilhosa por produzir cada linha que por cada interpretação o ar acaba, de tanta admiração! :)

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  7. Gostei dos seus outonos, um título bem chamativo. Bom sábado!

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  8. De cara me apaixonei pelo seu blog, nossa o nome, o título dos textos chamam muita atenção e quando os lemos percebemos que tudo é de "qualidade" já estou seguindo para acompanhar sempre novas postagens. Lindo este texto!

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  9. Esse lugar é tão suave. Ele tem gosto de inverno mas o que vejo é realmente um outono. De folhas caídas e um ano pela metade. Algo entre o fim das coisas e um novo começo...

    Eu presenciei cada palavra do texto como se fosse um antiga rotina em minha mente. Imaginei os traços de tudo o que disse e isso me fascinou.

    Eu adorei teu blog, estarei te seguindo.

    Beijos....=)

    http://algum-anjo.blogspot.com/

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