E terá um (outro) verão bonito ?

Como um dia qualquer a tarde ia terminando, e isso naquele dia significava lágrimas aos olhos de Eliza, seria o último pulsar de vida que sentiria. Bernard aos poucos se afastava como o sol dissipava-se da luz do dia, a despedida não fizera parte de seus melhores planos, porém sabiam que necessário era enfrentar esse temporal, aprenderam um ao lado do outro, sobre os distintos caminhos que as estradas o podiam mostrar e levar, e a distancia era mais um sopro de poeira da assombrosa estrada que os conduziria dali adiante, uma gota a mais da tempestade que os estava esperando. Eliza procurava, inutilmente, em todos os lugares que sua fosca visão lacrimejada alcançava, algo que o pudesse o prender ali, com ela, em seus braços, protegido em seu amor. O adeus, era uma morte da qual nada no mundo os poderia salvar. Com o beijo mais longe e doce do último verão que ficariam juntos, até Bernard retornar, olhavam-se com um mundo de promessas nos olhos, onde o castanho dos olhos de Eliza se fundia com azul esverdeado dos olhos de Bernard numa só direcção. Bernard, o guardião de suas presentes e futuras lembranças, a protegia com a alma e a levaria em seu coração ferido como o remédio, caso as chagas da saudade fizessem cicatrizes ao passar dos anos que enfrentariam. Eliza o trancaria no canto mais bonito de seu coração, regado de cuidado, qual dele era a maior parte inteira, o guardaria intacto nos seus suspiros de amor, que só existiriam quando outra vez o pudesse reencontrar.
Abraçaram-se, Bernard com a força de um urso, e Eliza entregando-se aos seus domínios, derramava as lágrimas do apelo para que ele ainda pudesse ficar, mais esta escolha, infelizmente, não era dele.
E então ele se foi, se foi como aquela tarde de verão, em que o sol morria no mesmo horizonte da esperança que Eliza tinha na felicidade, e ela não sabia que aquele verão seria o de seu último beijo de amor. Não, Eliza não sabia que aquilo era o-seu-destino-irrevogável, a reticências de seu caminho hoje sem beleza, um breve sopro de uma resposta triste para seus sonhos ao lado de Bernard.


''E batendo as asas voaram para horizontes diferentes e distantes. Quem sabe um dia não hão de se encontrar para fazer um verão bonito, outra vez''

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 Escrevi ao som de 'How the Heart Grows Wicked' - Patrick Park


Bem vinda primavera, traga-me o brilho de tuas flores ...