It's innocence

Tenho saudades da inocência, tenho saudades da nostalgia do sabor que era agregado as coisas. As mentiras eram contos, as verdades eram pontes para um mundo construído paralelo aos sonhos onde esses contos  tomavam forma , mesclando-se na linha tênue que separava o real do irreal. 

Alimentava-me essas pequenas coisinhas que a vida traz, romances intensos, sorrisos de canto, paixão com cheiro emadeirado, olhos azuis, cheiro de pele. Tudo encantava-me, tudo para minha inocência era formado de uma incoerência lúcida e doce. 

E hoje, deitada no vão desta cama, escrevo o que pode me salvar. 

E hoje, deitada no vão desta cama, escrevo que devo me salvar, 

Aonde não habita mais a inocência precisa ser cultivado uma flor, dentro do meu pântano tem que existir uma vitória-régia-cor-de-rosa que pareça-se com largos lábios sorrindo. Tem que haver aroma de pele limpa e cores de fúcsia sinestesiando, poderia colocar também a imagem de algumas farfallas azuis destacando-se sobre o lodo, eu sei, eu ainda sei que os olhos encharcados da realidade, não sentiriam inocência, e nem ela nasceria outra vez, mas eu sei, eu sei veementemente que os gostos das épocas de seu reinado viriam a boca com sabor de tamarindo, e então minha face não negaria os sentidos de negação ou aceitação... 

A única coisa que ainda perdura em todos os dias e em todas as linhas é que tenho saudades da inocência, tenho saudades da nostalgia do sabor que era agregado as coisas, e hoje não são.